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sexta-feira, 1 de junho de 2012

CONTRA-ESTERÇO

Se existe uma técnica capaz de fundir a cabeça de qualquer motociclista é o contra-esterço. Bom, muita gente já ouviu falar de pêndulo e contra esterço, principalmente acompanhando corridas de motos, mas mostrar o que significa é outra história. Tem muitas explicações na net, mas muitas delas são um pouco "técnicas" demais. Tentaremos mostrar o que é, mas de uma forma simples, e alguns cuidados com eles. 

Contra-esterço 
O contra esterço nada mais é que a mudança de direção quando você faz a moto deitar um pouco a banda de rodagem que antes agia como uma esteira em linha reta e agora faz com que a moto vá para o lado, mesmo mantendo o guidão puxado para o centro e até um pouco para o outro lado.
O porque disto é simples: Quando você está andando em pé a moto segue a banda central, como eu já disse age como esteira, mas quando você inclina a moto, a banda que trabalha é a lateral, que como já é curva, puxa a moto para o seu sentido, sem ter que alterar o guidão.


Pêndulo
Todo mundo lembra dos desenhos animados quando um personagem pegava o relógio pendurado e o balançava para um lado e para o outro, isto que ele fazia era o pêndulo (pender, alterar o lado).
O pêndulo usamos a todo instante quando andamos em nossos veículos, até no ônibus fazemos pêndulo para não deixar a força centrípeda nos jogar para o lado.
Agora, nas motos a coisa muda um pouco de figura, nas motos de massa menor, normalmente o pêndulo pode ser feito quase que instantaneamente, mas nas brutas você tem que planejar e fazer ele um pouco antes.
Quantos já cairam, ou souberam de algum colega que caiu com uma moto nova, (maiores normalmente) porque estava "acostumando ainda" com ela.
A moto grande muitas vezes precisa de uma "ajudinha" para deitar, principalmente as com pneus largos na frente. Já houve motociclistas que se perderam na curva porque haviam saído de uma moto pequena para uma grande e "não deu tempo" de fazer a curva. . Quando trocar de moto, treine a inclinação do corpo para diferentes velocidades e curvas, sempre com bastante e atenção, o que lhe garantirá uma boa pilotagem e nada de quedas por seu próprio erro.
Falando em pêndulo, sem ele, você não faz curva, principalmente em velocidades mais altas, e o contra-esterçamento não pode ser a causa da inclinação da moto e sim o esterçamento e a força centrípeda que o manterá agarrado no asfalto mesmo você em ângulo agudo em relação a ele.
Ainda existe uma multidão que teima em confundir carro com moto. Parece piada, mas a maioria dos motociclistas trata a moto como se fosse um carro de duas rodas. Inclusive alguns instrutores de pilotagem! O contra-esterço no automóvel é feito de forma diferente, tem uma função diferente e resposta diferente.
No automóvel usa-se o contra-esterço, como dissemos, para corrigir uma derrapagem de traseira. Nas competições de rali e de kart o contra-esterço também é usado para dar início à derrapagem controlada.
Na moto nós temos dois tipos de contra-esterço: aquele que serve para corrigir a derrapagem de traseira (veja o filme do Gary MacCoy) e outro para DIRECIONAR a moto durante toda a curva, desde a entrada até a saída. Mas o contra-esterço na moto tem uma aplicação que nenhum outro veículo pode usar: é a forma mais rápida, segura e precisa de desviar de um obstáculo.

Portanto, temos as seguintes funções do contra-esterço nas motos:
- Desviar de trajetória;
- Direcionar a moto na curva;
- Recolocar a moto de volta na posição vertical após a curva;
- Corrigir derrapagem de traseira;
- Recuperar a trajetória na curva;


Em competição usa-se também o contra-esterço para sair do vácuo rapidamente e ultrapassar um adversário. De forma bem prosaica, o contra-esterço é uma reação da moto quando provocamos uma ação de desequilíbrio. Imagine a moto em linha reta, em velocidade constante. Quando o motociclista EMPURRA o guidão para um lado ela vira para o lado contrário. Note bem que é EMPURRAR e não INCLINAR ! Esse desvio é provocado porque a roda dianteira sai do alinhamento com a roda traseira e, na busca de retomar o equilíbrio, a moto gira no sentido contrário forçando o alinhamento. É uma aplicação da lei de Newton: “A cada ação corresponde uma reação de igual intensidade em sentido contrário”.
Mais importante do que tentar entender como isso se processa pela Física é saber usar da forma e na hora certa. Para aprender, nada melhor do que treino, treino e mais treino. 

Faça o seguinte: pegue uma rua de trânsito calmo e mantenha cerca de 70 km/h. Então empurre o guidão para o lado esquerdo, forçando a manopla da mão direita. Imediatamente a moto mostrará uma reação que é virar para a direita. Treine bastante na reta, para os dois lados e só então vamos para a curva!

É importante lembrar que enquanto a moto inclina, a força resultante é denominada de CENTRÍPEDA, que empurra a moto para fora da curva, e não CENTRÍFUGA, assim chamada erroneamente por muitos anos.

O contra-esterço é a técnica de inserir-se na curva de forma mais rápida e precisa. Para treinar faça também a seguinte experiência: faça a curva normalmente. Quando estiver já inclinado, dê uma pequena forçada no guidão para o lado contrário da curva. Imediatamente a moto seguirá mais para a parte interna. É muito útil quando o piloto entra forte demais na curva e percebe que a moto começa a querer “alargar” a curva. Basta uma leve empurrada no guidão para o lado externo da curva que a moto volta para a parte interna sem susto nenhum, nem força física. Faça essa experiência em baixa velocidade várias vezes.
Outra aplicação do contra-esterço e trazer a moto de volta para a posição vertical na saída de curva. Quanto mais cedo o piloto conseguir deixar a moto em pé, mais cedo pode acelerar com vontade. Enquanto a moto estiver inclinada o piloto não pode acelerar forte sob risco de derrapar. Por isso é preciso levantar a moto o mais cedo possível e o contra-esterço é muito eficiente para isso. Só que dessa vez o piloto empurra o guidão para o lado interno da curva. Ou se preferir, em vez de empurrar, o piloto pode puxar o guidão para si, na direção do corpo do motociclista. Essa técnica é tão sutil que basta parar de forçar o guidão para um dos lados que a moto imediatamente fica em pé!

Importante é frisar que uma técnica não elimina a outra. O piloto deve continuar fazendo a parte grossa da curva com as pernas, joelhos e pés, mas a sintonia fina é feita com as mãos.

Nunca tomemos como base UM estilo de pilotagem, mas sempre a soma de várias tendências e conceitos. O professor de pilotagem, o tri-campeão mundial Fred Spencer, aconselha a usar mais as pernas nas curvas e deixar as mãos bem soltas no guidão. E justifica: como os pneus de competição se deterioram muito rápido é importante que o piloto sinta com muita precisão o comportamento do pneu dianteiro. Quando o piloto força demais as mãos no guidão ele perde a capacidade de julgamento do pneu dianteiro, porque “endurece” as reações da moto.

Já o outro professor Keith Code, da Califórnia Racing School, diz que as motos devem ser pilotadas apenas no contra-esterço e justifica: hoje em dia quem fica menos tempo possível com a moto inclinada na curva pode frear mais tarde e acelerar mais cedo, que é a síntese da pilotagem eficiente. Para isso o contra-esterço é mais eficiente porque é a forma mais rápida que existe de fazer a moto inclinar e ficar em pé.

Qual dos dois está certo? Ambos, porque não existe UMA forma de pilotar, mas uma soma de várias situações nas quais uma técnica pode ser mais eficiente que outra. É sabido, por experiência dos pilotos, que ao se pilotar motos leves de pneus finos e motos pesadas de pneus largos, há diferença. Na 125 Especial, uma moto de 60 kg que usa pneu traseiro 130-17, usa-se praticamente só as mãos, porque é tão leve que uma joelhada no tanque, mesmo na reta, provocava um tremendo desequilíbrio. Já na Honda CBR 600RR, com seus quase 170 kg e pneus 190-17 usa-se muito a força nas pernas para ajudar a trazer a moto para o interior da curva.

Outras situações nas quais o contra-esterço é fundamental são em motos que não têm o tanque de gasolina para forçar o joelho, como os scooters, Honda Biz ou Yamaha Neo, ou ainda nas grandes e pesadas custom e cruisers como BMW e Harley-Davidson que têm as pedaleiras muito baixas e o uso das mãos ajuda a controlar o grau de inclinação.

Se você teve bicicleta na infância certamente usou o contra-esterço várias vezes sem perceber. Agora só falta subir na moto, procurar um lugar seguro e praticar. Sua vida nunca mais será a mesma!

Em velocidades baixas, pilotamos girando o guidão para onde desejamos ir. Mas em velocidades mais altas, fazemos o oposto:

# Giramos o guidão um pouco, para o lado oposto ao que queremos ir.
# A moto se inclina para o lado que queremos ir, sozinha.
# Acompanhamos o movimento da moto e fazemos a curva normalmente.

Isto é o contra-esterço. É girar o guidão para o lado 'errado' para que a moto vá para o lado 'certo'. O contra-esterço é mais perceptível em velocidades de 30 Km/h para cima.

O mesmo vale para qualquer velocidade. A única diferença sendo, quanto mais rápido a moto estiver indo, maior vai ser a intensidade do contra-esterço.
Pratique na rua o contra esterço. Note que você precisa virar o guidão bem menos com a moto em movimento, para obter o mesmo efeito da moto parada.


Durante as aulas do curso de pilotagem SpeedMaster de pilotagem esportiva, o professor gostava de pegar todos de surpresa com uma pergunta, como aquelas pegadinhas de vestibular: Qual a forma mais rápida de desviar de um obstáculo? Seguiam-se várias respostas, das mais originais, e a surpresa geral vinha na hora de revelar a resposta certa: basta virar o guidão para o lado contrário de onde se quer ir. 

Fundiu a cuca? Quem já passou pelos bancos de escola deve lembrar daquela lei básica da Física (Lei de Newton) que diz: "a cada ação corresponde uma reação de igual intensidade no sentido contrário". No momento em que uma moto entra em movimento, várias leis da Física são aplicadas. Para começar, o que era peso vira massa e um mundo de variáveis dinâmicas vão atuar sobre o simples ato de passear de moto.

Um dos exercícios do curso foi candidamente apelidado de "Atropelando a Velhinha". Colocamos um cone de borracha e o aluno precisava desviar da forma mais rápida e eficiente. Primeiro, cada um fazia o exercício utilizando suas próprias técnicas de pilotagem. Depois vinha a orientação que normalmente dá  um nó na cabeça do aluno.

Para desviar para a esquerda, deve-se pressionar o guidão com a mão esquerda, empurrando-o para o lado direito. Após uma sucessão de ooohhhhhs e aaaahhhhhhs, fica claro que ninguém ali acreditou numa só palavra; então partiu-se para a aula prática. O instrutor fazia o exercício diante de vários pares de olhos. Com apenas a mão esquerda no guidão, rodávamos até quase bater no cone e fazíamos a manobra, conhecida tecnicamente como contra-esterço, desviando a moto para o lado esquerdo.

Após constatarem que realmente funciona, chega a vez de os próprios alunos repetirem a manobra. No começo alguns ainda não acreditam, mas após algumas repetições todos concordam que o desvio da trajetória é muito mais rápido. Isto ocorre porque ao provocar uma ação (virar o guidão para o lado direito), as forças que atuam na roda dianteira provocam uma reação contrária, que é voltar para o lado esquerdo. Quer uma prova?

Pegue uma bicicleta - se não quiser arriscar sua moto - e quando estiver em uma boa velocidade, empurre (veja bem, é para empurrar, não ‚ para inclinar) o guidão para a direita e perceba que a bicicleta vai desviar imediatamente para a esquerda. Com a moto, tente mentalizar um obstáculo imaginário e faça a experiência de empurrar o guidão para qualquer lado. A reação será o desvio para o lado contrário.

Vaca louca
A técnica do contra-esterço é muito utilizada nas pistas, principalmente nas curvas de baixa velocidade, onde o piloto precisa contornar a curva sem deixar cair muito o giro do motor. Nas ruas e estradas, para desviar, a técnica do contra-esterço produz uma reação rápida, eficiente e segura, e depois de alguns treinos pode-se fazer isso naturalmente, como trocar de marcha.
As outras aplicações do contra-esterço são: ultrapassar de forma mais rápida e segura; corrigir o inserimento em curva; desviar de objetos em plena curva; corrigir a trajetória na curva; mudar a trajetória em reta sem deslocar o corpo; retornar a moto para a posição menos inclinada após a curva o mais rápido possível e, claro, facilitar o inserimento em curva sem fazer tanta força.
Nas figuras a seguir, são mostradas as sequências da utilização do contra-esterço.

Observe que na foto inicial o motociclista, com a mão direita, pressiona o guidão para a esquerda, nitidamente observado pela posição momentânea da roda dianteira.

Na segunda foto, já se observa a moto inclinando para o lado contrário, ou seja, para a direita.

Na última foto, a finalização do processo com a moto dirigindo-se completamente para a direita. 






Fonte: Web

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